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Channel: A ARTE DE EDUARDO SCHLOESSER
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MARÍLIA DE DIRCEU ( CENA 02 )

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Bom dia a todos. Cá estamos de volta, graças ao bom Deus.

Assisti neste fim de semana ao programa Pipoca e Nanquim de número 178 e como sempre curti demais, os apresentadores são muito simpáticos e divertidos, neste em particular faltou o Alexandre Callari, editor da DC no Brasil, mas mesmo assim valeu a pena, por focar por quase uma hora nos quadrinhos nacionais independentes. Gosto desse canal por que é feito por quem de verdade curte histórias em quadrinhos e trabalha no ramo, caso você não conheça e tenha ficado curioso, para assisti-lo é só acessar:
http://pipocaenanquim.com.br/videocast/pipoca-e-nanquim-178-se-nao-leu-leia-especial-fiq-pt-1/

Mas o que me levou a abordar este programa é justamente o que foi falado lá, como os quadrinhos no Brasil vão bem, em como o mercado irá crescer e etc. Eu digo, TOMARA. Repito, tomara mesmo que se cumpra o que ali foi vaticinado. Meu ponto de vista é outro, menos simpático e otimista. Só para quem ainda não me ouviu comentar sobre o assunto, por mercado, eu entendo assim: Deve existir oferta e demanda.
No caso dos quadrinhos no Brasil, temos ótimos artistas, e isto não é de hoje, a mais de 30 anos (e muito antes disto se formos contar as hqs de guerra e western produzidas pelo saudoso Eugênio Colonesse) o traço dos quadrinistas tupiniquins são exportados, seja para os EUA ou Europa. E hoje em dia uma nova geração de gênios conseguem publicar materiais autorais de grande qualidade. Só que aqui, em solo pátrio, isto ainda não acontece. Não vejo um autor de HQs vivendo única e exclusivamente disto, não tenho conhecimento de um desenhista e/ou roteirista produzindo seus álbuns e pagando suas contas com eles (Maurício de Souza  e Ziraldo não contam)  Eu noto a cena independente indo muito bem, o que prova que temos uma infinidade de desenhistas/roteiristas produzindo pra caramba, o que denota que existe oferta, mas não demanda. Para ilustrar o que digo, lembro que até bem pouco tempo a Editora Abril criou um concurso para quem estava afim de produzir quadrinhos infantis (algo nos moldes da Disney), bem, os vencedores do concurso, pelas críticas que li, foram muito bem e tinham ótimas propostas, mas as revistinhas não passaram do terceiro número, e só podemos crer que foi por causa da baixa vendagem.
Pelo Pipoca e Nanquim citado acima, vemos dezenas de quadrinhos de boa qualidade, mas não sabemos que eles existem. Ficam restritos às tribos próximas de quem os produziu. Não há uma forma de divulgação e distribuição eficaz. Os gibis migraram das bancas para as livrarias, tornando-os menos acessíveis ao público alvo. Os motivos para isso não vem ao caso agora, mas embora a internet, via blogs e redes sociais, seja uma forma competente e rápida para divulgar produtos, ainda não faz o barco navegar em águas mais profundas. As vezes acontece, como foi o caso do filme A Bruxa De Blair, mas não é um fenômeno que vemos se repetindo, infelizmente.

Eu, particularmente tenho certa dificuldade de comprar as coisas via internet, principalmente sem cartão de crédito. Se o sistema for por boleto já facilita muito. Mas de particular para particular é mais complicado. Comprei os independentes do Gustavo Duarte assim, indo ao banco fazer deposito, escaneando o recibo e mandando a ele por e-mail, mas eu estava em contato direto com ele, para adquirir material do Marcatti foi mais difícil e eu acabei deixando pra lá. Meu amigo Nestablo Ramos, divulgou uma hq de cangaço, tema que atrai, chamada "Os Proscritos", de um certo Beto Nicácio. Programei-me para entrar em contato com ele e adquirir seu livro, mas acabei me esquecendo, quando lembro, estou sem grana, seria mais fácil se eu pudesse encontrar a obra na banca ou na livraria. Gosto disso, folhear o produto, pagar por ele e leva-lo na hora, mas sei que isto hoje tá ficando raro.
Certo tempo atrás eu divulguei no Facebook que tinha exemplares do primeiro álbum do Zé gatão para vender, muitos entraram em contato para adquirir, poucos concretizaram o negócio, talvez pelos mesmos motivos que declinei acima. Por isto é que digo, muito do que foi divulgado no Pipoca e Nanquim me interessou, mas como conseguir? Eu ainda tenho certos recursos, mas e aqueles que não tem, que contam as moedas para comprar um gibi do Superman?
Onde estão as editoras que a uns três anos atrás publicavam quadrinhos nacionais a rodo? Pararam de investir em adaptações de clássicos? O governo parou de comprar uma parte?
Coisas como estas eu disse numa entrevista para uma rádio e teve gente que me criticou dizendo que não adiantava ficar chorando, o negócio era continuar insistindo e produzindo. Não fico chorando, minha senhora, eu até que consegui meu espaço, tenho álbuns publicados por editoras de peso, mas sou realista, faço quadrinhos por que curto faze-los e é uma maneira que tenho de transmitir uma visão de mundo, o caso é que muita gente fica de oba-oba e fingem não ver (talvez não vejam mesmo) a barreira que existe. Daí fica esta impressão de que pelo número de hqs criadas de  forma independente, programas na web dedicado ao tema, debates, festivais e tals, temos um mercado em pleno aquecimento.

E como vencer as tais barreiras? Eu tinha teorias, mas sinceramente nem sei mais, decidi que vou parar com estes comentários, vão dizer que é dor de cotovelo, por que na real, não sou um autor de sucesso comercial.
O que sei ao certo é que esta forma de contar histórias vai continuar, embora o público diminua sempre e sensivelmente. Concordo que não se deve desistir e a produção tem que seguir em frente.
No fundo, a minha opinião é esta, o bom e verdadeiro quadrinho é feito no silêncio do quarto, por necessidade de se expressar, independente de seu sucesso.

Hoje, mais duas imagens para o clássico Marília De Dirceu.



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