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Channel: A ARTE DE EDUARDO SCHLOESSER
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O HOMEM SEM RUMO.

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Amadas e amados, estive sem internet durante quase dois dias, nada grave, apenas uns probleminhas no quarto onde fica o modem, mas foi interessante notar que aos poucos vou me desconectando destes confortos da nova civilização, ou seja, a web não me fez a falta que pensei que fosse fazer. Não sei se é a entrada na velhice ou fruto do cansaço que sinto em relação a quase tudo, ou o quê, mas no passado, na época da internet discada, onde os computadores que acessava eram de meus irmãos, namoradas de irmãos ou amigos, eu passava muito tempo visitando sites que tinham alguma relação com artes e quadrinhos. Como um junkie, eu salvava imagens criadas por artistas que admirava e buscava matérias sobre eles de maneira quase febril, e assim que adquiri meu próprio pc (foi em 2008? 2009? Nem sei mais!) eu, a todo momento, verificava e-mails. É claro que a coisa faz falta, meus contatos de trabalho, principalmente, se dão todos através desta ferramenta, a pesquisa para uma arte e coisas do tipo, são imprescindíveis, mas me surpreendo com meu desapego a certas coisas. Se vou ficar sem net por um longo tempo, tudo bem, depois faço minha postagem no blog, quando for possível vejo se tem alguma mensagem importante no Facebook. Aproveito para ler mais ou então relaxar um pouco. Minha cabeça anda tão cheia, meu Deus, que nem sei! O mais importante é a saúde, principalmente a saúde e bem estar da minha família, esposa, pais, irmãos, filha, sobrinhos, cunhadas e os poucos amigos - sem esquecer dos amigos virtuais - que sempre me mandam a maior força e admiradores anônimos que ficam na torcida pelo meu sucesso e bem estar. Todos estão sempre presentes em minhas orações. Mas estou mudando o rumo da prosa, o que eu queria mesmo era dizer que todo este progresso é muito importante e saudável, mas dá para viver sem ele sem sofrer.
Na boa, o pior é ficar sem luz. Na noite passada (dia 8) por volta das nove horas, estava finalizando uma página da minha última obra ( a história bíblica de Caim e Abel para a HQM Editora) quando a luz começou a oscilar, a força do ventilador diminuiu. Como já passamos por isto, corri e desliguei a geladeira e outros aparelhos. Havia energia no corredor do prédio, na garagem e na rua. Contatei o vizinho, temendo que o problema fosse só no meu apartamento mas suas luzes também estavam fracas, até que tudo se apagou de todo.
Liguei para a Celpe e ficaram de mandar técnicos para ver o que tinha acontecido, o prazo para tanto era de no máximo umas quatro horas. Notei que algumas garagens de prédios próximos também estavam às escuras.
Olhem, ficar sem eletricidade por algum tempo é normal, mas no calor úmido que faz neste lugar é uma verdadeira provação, a gente sua em bicas. Só antes de deitar (com as janelas todas abertas e sem brisa), tomei uns três banhos e a água descia morna. Foi impossível conciliar o sono. A Vera conversava, ouvi atento, mas no fundo eu só queria ficar quieto, tentar transportar minha cabeça para um local verde, florido, tranquilo, fresco, onde o sol fosse morno, longe de toda a pressão, a minha ideia de paraíso particular. Entre conversas e cochilos, travesseiros molhados de suor, notamos que os galos e pássaros do final da madrugada já começavam seus acordes quando os técnicos chegaram finalmente. Eram quatro e quarenta da manhã. Observei eles subirem o poste e mexerem no transformador e irem embora. Liguei a geladeira e o ventilador, Verônica pode dormir e eu fui tomar mais um banho. Quando me deitei, a luz da manhã forçava sua presença no quarto. Minhas pálpebras estavam pesadas mas não consegui dormir direito. Levantei umas oito e meia com uma forte dor de cabeça. Comi algo rápido e fui terminar minha página. Depois fui para a a cidade resolver umas coisas, um sol sádico e matador rilhava seus dentes.


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