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Channel: A ARTE DE EDUARDO SCHLOESSER
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O NATAL DE 2022 E MAIS DESENHOS PARA UM LIVRO DIDÁTICO DE PORTUGUÊS NUNCA PUBLICADO

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 Antes de mais nada deixa eu informar aqui que digito esse texto com uma violenta dor na região lombar; sim, mais uma vez um acidente besta e os que me acompanham há tempos já me leram nesta mesma situação, pareço ter os músculos dessa região fracos, ou isso ou devo ter algo errado entre as minhas vértebras, segundo suspeita de um preparador físico conhecido meu. Segundo ele eu deveria investigar; claro, mas cadê o dinheiro para consulta e exames? E o pior é que eu não posso ficar esticado na horizontal para repousar, tenho um prazo aqui se quiser ter dinheiro para janeiro. É a história de sempre, deixa pra lá. Talvez eu melhore logo, talvez não.

O desenhos de hoje fazem parte de uma série criada para um livro didático de ensino médio que nunca será publicado. Os dois foram feitos para se complementarem, um seria na página par e outro na ímpar. 

Pois é, o Natal, né? O que dizer sobre o Natal que eu já não tenha dito em anos anteriores? Aliás, nem lembro do que escrevi sobre esta data no ano passado. Posso afirmar que os natais dos quais lembro não foram lá muito felizes. Meu pai sempre dava um jeito de estragar tudo por coisas bobas, era do temperamento autocrático dele querer tudo da maneira dele, na hora dele em descompasso com minha mãe que queria cear na hora certa com todos ao redor da mesa. Havia em casa sempre que possível uma árvore de natal, uma mesa farta (ela sempre foi um primor de cozinheira) mas invariavelmente tudo acabava em alguma discussão que afugentava o espírito natalino. Por isso eu e meus irmãos nunca tivemos esse ânimo para comemorar ou dar a importância devida. 

Espremo o cérebro aqui e não lembro de muitos natais, mas não posso esquecer o do ano de 1974,eu acho. Passamos na casa do professor Abreu, um velho amigo do meu pai, com a família dele em Santana, SP. Recordo do clima de harmonia e uma certa paz estranhamente inédita.  Outro inesquecível foi no ano de 1987 em Brasília, por estar apaixonado por uma mulher que no ano seguinte me desprezaria. 

Os anos 1990 em São Paulo, claro, também, entre altos e baixos ficaram presos na memória mas não tem nenhum fato marcante, exceto talvez o do ano de 1998, onde depois de muito tempo conseguimos reunir toda a família, meus pais, todos os irmãos e minha filha. Verônica (na época, minha namorada) estava junto.

Os últimos natais tem sido mais frios. Por esta razão é que ao lembrar daqueles anos passados, apesar de momentos sofridos, eu me dou conta do quanto eu fui feliz (e eu tinha consciência disso) pois eu, meus pais, meus irmãos, estávamos todos juntos, éramos jovens e havia muita esperança em algo intangível, algo que nem mesmo sabíamos o que era, mas estávamos dispostos a lutar por ele. Esse algo, era possivelmente um trabalho, viver dignamente dele, formar família, ter um lugar na sociedade e fazer a diferença. Os anos avançaram e cada um de nós tomou algumas decisões erradas e pagamos o preço por isso, mas sempre lutando para não esmorecer e não nos acomodarmos a uma situação desconfortável. Algumas contendas vencemos, outras perdemos e assim é a vida.

Hoje, claro, não é mais possível eu ser feliz (digo, plenamente dentro do possível), ou ter um Natal feliz, pois neste quebra cabeças da minha existência faltam duas peças muito importantes, peças centrais que não podem ser repostas: minha mãe e meu irmão. A ausência deles torna, como já asseverei aqui, a vida sem cor nem sabor. 

Mas mesmo insossa e em preto e branco há uma vida a ser vivida (não tenho escolha) e lembro do que minha mãe me disse certa vez, é o aniversário do Salvador do mundo, mesmo que a data não tenha sido exatamente o dia 25, foi a data escolhida pelos homens e portanto, deve, sim, ser comemorada. Pouco importa que a maioria nem se dê conta disso e use a data para alavancar o comércio, é o momento em que, quem pode, se reúne com amigos e familiares. Concordo com ela, eu brindo a Ele no meu silêncio e na minha solidão (falo da solidão da minha alma individual, lógico, fisicamente, Verônica está sempre ao meu lado), minha oração a ELE é sempre de gratidão por tudo e pela promessa que ELE fez de que eu nunca estaria só e nada me faltaria, juramento esse, eu sei, sempre cumprido apesar de todas as minhas falhas.

FELIZ NATAL A TODOS VOCÊS! 

Obrigado a todos pela gentileza de vir aqui e ler as coisas que escrevo.

Até a próxima!






  


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