Sinceramente? Nunca gostei da série de filmes Sexta Feira 13. Sempre achei um besteirol sem tamanho. Assisti ao primeirão na casa de um amigo do meu irmão, num quarto apinhado de garotões saindo da adolescência. Sabem como é, naqueles tempos o vídeocassete ainda não estava em todos os lares, era caro pra burro, então quem tinha um fazia a festa e convidava os amigos pra se exibir. Eu era um pouco mais velho que a maioria e estava ali de penetra, afinal, o convidado era meu irmão. Era um VHS pirata, e o filme não tinha legendas. A moçada estava curtindo, alguns tiravam sarro de algumas cenas, os punheteiros sorriam maliciosamente nas cenas de casais a beira do lago ou no beliche da casa esperando a morte pelas mãos do assassino misterioso.
Posso estar enganado mas acho que Sexta Feira 13 inaugurou este tipo de situação em filmes de terror, casais bonitos, rapagões se achando os gostosões, velhos azedos toda a vida e até tipos rejeitados pelas tribos para serem estripados por um psicopata imbatível. Tudo acontecia num lugar aprazível onde no passado uma terrível tragédia se dera. As pessoas vão morrendo uma a uma, na cama, no celeiro, na cozinha e por aí vai, o assassino só aparece mesmo nos 20, 30 minutos finais, geralmente pra ser derrotado pela pessoa mais improvável. A fórmula se repetia filme após filme.
Como assisti ao primeiro, apesar de não ter gostado, quis ver as continuações. Um pior que o outro. Mas sou teimoso. Para manter a tradição eu me submeto ao tédio mortal. Era assim com a festa do Oscar, não perdia um, embora soubesse que ia ser tudo a mesma coisa. Até que um dia desisti, dei um basta, nunca mais assisti a um Oscar. Aconteceu assim com a série Sexta Feira 13, no sexto capítulo da série eu sai no meio do filme e parei de me torturar com aquilo.
Porque assisti tanto tempo? Dois motivos: um é que a partir do terceiro filme Jason, o assassino cresceu, pôs no rosto deformado uma máscara de hóquei e barbarizou de verdade. Tornou-se assim como Leatherface um ícone incontestável. Era horrível, mas não dá pra negar o carisma do personagem. Confesso que eu torcia por ele. O segundo motivo é que naqueles dias não haviam muitas opções de lazer em Brasília, sendo cinema uma coisa relativamente barata e muito ao alcance da mão, e nas salas estes filmes duravam muitas semanas.
Pra ser sincero eu gosto do Sexta Feira 13 parte 5. É considerado o pior deles, atores e produção mequetrefe, mas me surpreendeu em muitos pontos, nem tudo ali era o que parecia, gosto quando o filme não escamba para o óbvio. Mas os efeitos especiais beiravam o ridículo.
Depois Jason foi pra New York, para o espaço e sei lá mais o que, e eu não me importava mais.
Certa vez no centrão de São Paulo, sem ter opção fui ver o que prometiam ser o último pois matariam o personagem e este seria conduzido pelo mesmo diretor do primeiro filme. Outra bobagem, nem lembro do enredo. Falam que o crossover do Jason com o Freddie Krueger é interessante, mas nunca me interessou. Vi o reboot que fizeram e achei lamentável.
Gosto da figura trágica e imponente do Jason e os filmes hoje me trazem certa nostalgia dos anos 80, que - pelo menos para mim - foram bem legais.