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Channel: A ARTE DE EDUARDO SCHLOESSER
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MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS ( 03 ).

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Sentar-me diante do notebook e transmitir alguns pensamentos junto com alguma arte para vocês não é nenhum castigo, muito pelo contrário, o que pega mesmo é em relação ao que vou escrever; não que me falte assunto, tenho alguns contos mais ou menos cimentados na cabeça (mas isto demanda um tempo extra que não tenho tido ultimamente), gostaria de voltar ao "OBRAS QUE RECOMENDO" e tecer comentários sobre alguns quadrinhos (ou livros) que julgo ser um dos grandes de todos os tempos mas não tenho conseguido revisitá-los - espaço no dia, é tudo o que eu preciso!

Este blog se tornou um diário onde transponho memórias e impressões da vida, isto, claro, sem falar a fundo sobre religião e política, duas coisas que, noto, geram polêmicas que desembocam no mais profundo ódio. Nunca em minha vida eu vi tanta intolerância por parte das pessoas, você não pode mais dar sua opinião sobre um assunto se esta opinião for contrária ao que pensa a maioria; se você corajosamente se posiciona, é isolado como um inimigo do bem comum, um fascista, um nazista, um fundamentalista e outros "istas". É censura, mas não aquela imposta por um regime, ela é feita pelo seu próximo, seu vizinho, seu colega na mesa ao lado e na pior das hipóteses, seu familiar. Democracia? Bobagem, isto não existe mais. Mas é melhor eu parar por aqui.

Meu problema em escrever sobre minhas sensações é o temor de ficar repetitivo, não tem sido segredo que minha vida tem sido uma baita complicação a muito tempo, este ano em particular as coisas desandaram. Claro, já tive momentos piores. O tempo que morei no Rio me deu a exata medida do que é estar sem amigos e nenhum dinheiro, em São Paulo no início dos 90 também vieram ondas e ondas de dissabores que eclipsaram os momentos de calmaria e alguma alegria, mas havia a força da juventude para não deixar esmorecer. Hoje, como naqueles tempos, uma desventura chama outra e como disse a minha amiga e escritora Carla Ceres, problemas são covardes e só atacam em bandos, principalmente quando você está fragilizado. Minha saúde e fôlego já não são os mesmos, mas tenho que brigar como se tivesse 20 anos!
Meu pai continua em coma induzido no hospital, as contas se avolumam e no meio do furacão eu preciso encontrar a motivação para o trabalho, sim, porque produzir arte por mais que ela seja (ou pareça) industrial, carece de um mínimo de paz de espírito para ser criada.

Um fato pitoresco, se podemos chamar desta maneira, ocorreu ontem: por volta das 18:30 o gás acabou. A menina que nos fornece o produto fica com as portas abertas até as 18:00 hs. Tudo bem, disse a Vera, comeremos pães e frios. Hoje pela manhã liguei para a moça e pedi o gás. Detalhe: o dinheiro que eu tinha estava planejado para outra coisa, mas a vida é assim, temos que abrir um buraco pra tampar outro.
Depois de um tempo que me pareceu ser mais longo que o normal, um rapazinho banguela apareceu com o bujão. Paguei, peguei o troco e o menino foi embora. Hora de trocar o gás e finalmente preparar o desejum, ao colocar a mangueira, o danado começou a fazer um barulho alto, como de um líquido comprimido esguichando furiosamente. A Vera se assustou e disse: Tampe imediatamente! Fiz. Um cheiro terrível tomou conta da cozinha, abrimos as portas e janelas sem perda de tempo. Liguei para o depósito e relatei o ocorrido, não demorou e dois moços vieram resolver o problema, era uma borrachinha que não estava bem encaixada na entrada do bujão, trocaram a peça e o caso ficou concluído.

Não quero ser dramático mas já soube de inúmeros casos onde problemas com gás terminaram em tragédia. Deus está sempre me livrando de coisas desse tipo. Glórias ao Seu nome.

Bom, por hoje basta. Deixo com vocês a terceira imagem de Brás Cubas e os votos de um bom fim de semana.



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